quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

NINDA

Ninda, um lugar perdido algures nas terras do fim do mundo.


O tempo vai passando indiferente às agruras de quem viveu dias de incerteza a bordo de uma nau tormentosa, calcorreando trilhos ou mata densa, ao longo daquela imensidão desoladora. Lamentavelmente, toda essa gente foi esquecida e abandonada pela Pátria que tão generosamente serviram.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

RENOVAÇÃO



Com a chegada das primeiras chuvas de outono, o parque de merendas da Malhada do Rei-Pampilhosa da Serra ficou atapetado de folhas secas. Aos poucos, a ramagem dos carvalhos gigantescos, ali existentes, vai-se despindo de folhagem aguardando a chegada da primavera para um novo ciclo de vida.  



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ENTARDECER



Quando percorríamos um antigo trilho serrano, hoje transformado numa via de primeira qualidade a nível municipal, em cavaqueira de fim de jornada, comungámos com um retábulo de rara beleza deixado pelo Sol no momento em que se escondia lá para o ocidente. Nada que não nos fosse familiar, mas, ainda assim, sempre retemperador.  
No local onde circulávamos a natureza é agreste, (quase sempre ventoso, muitos precipícios, por vezes chuva e frequentemente nevoeiro), e nem sempre favorece uma viagem descontraída e atenta à paisagem arrebatadora que nos envolve. Uma panorâmica a perder de vista que lavra o deslumbramento libertando os fungos da alma, que na realidade gera sentimento de liberdade inquestionável em parceria com os Deuses do Olimpo.  
É certo que os geradores eólicos alteraram a paisagem, mas também melhoraram as acessibilidades. Pena é que tenham chegado tarde demais, atendendo a que a desertificação assume, hoje, proporções quase irreversíveis. Noutros tempos, em meados do século XX, quando a Serra fervilhava de gente, teria sido uma verdadeira revolução para uma região que vivia esquecida e mergulhada no isolamento.  
  

terça-feira, 18 de agosto de 2015

C O J A

 Coja - Ponte Romana sobre o rio Alva e margem direita do rio Alva a jusante da ponte Romana. Uma vila pacata que vale a pena visitar. Depois de alguns anos de ausência encontrei a mesma gente acolhedora e uma terra mais jovem. Parabéns Fausto.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

MOINHOS DE ÁGUA

Obreiros de outros tempos, os moinhos de água eram edificados em pedra nua de xisto ao longo das margens serpenteadas das ribeiras, bordadas, aqui e acolá, por caprichados lameiros de semeadura, ideais para o cultivo de milheirais. Ao longo dos séculos, viram passar muitas gerações de moleiros e foram palco de muitas histórias de vida. Algumas reais, que ilustravam as agruras dos moleiros de ocasião carregando os cereais por incontáveis precipícios. Outras, fruto da imaginação, relatando medos e encantamentos ou situações insólitas com abordagem do sobrenatural.
Hoje, os tempos são outros e os moinhos de água perderam a importância que tinham naquela época e como não podia deixar de ser, seguiram a mesma trajetória decadente das terras de semeadura. Todo esse declínio, entre outros fatores, ficou a dever-se à desertificação de todo o interior em benefício do litoral.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

ALAMBIQUE



Ainda há quem utilize os alambiques, mas já são poucos. Só alguns, mais velhos, vão resistindo à erosão provocada pela desertificação e pelo tempo que não para de nos surpreender. Até porque a produção de aguardentes é uma arte muito trabalhosa, requer muita paciência e conhecimentos de vária ordem, tanto na fermentação como no fabrico. Sem esse conhecimento, que era transmitido de geração em geração, não será, naturalmente, possível obter um produto destilado de excelente qualidade. Principalmente nas aguardentes que obrigam a uma elaboração muito cuidada como é o caso do medronho e do mel. Quanto ao medronho, para além dos cuidados de fermentação e destilação, a qualidade depende também da apanha de um fruto maduro.   
Com o abandono das terras de semeadura, depois da década de sessenta, do século passado, as destilarias artesanais foram desaparecendo a par dos seus proprietários que rumaram a outras paragens ou simplesmente chegaram ao entardecer da vida. Até então, embora clandestinas, faziam parte da identidade cultural de muitas aldeias do interior de Portugal, onde as diversas variedades de aguardentes de alambique eram procuradas pelos bons apreciadores. Qualquer aldeão que possuísse uma vinha, por mais pequena que fosse, só por falta de condições logísticas não instalava também um alambique para fabricar a aguardente de bagaço. No entanto, para além do bagaço, quando tinha tempo disponível, também se ocupava com outros tipos de aguardente.
A par de toda essa arte, durante a destilação de aguardentes alguns produtores angustiavam com o receio de virem a ser apanhados em plena laboração. A destilação em alambiques é alcoviteira. Denuncia facilmente o produtor. Então, para tentar fugir a isso, muitas vezes a destilação era feita à noite para iludir a fiscalização que conhecendo de perto a vivência do povo tentava a todo o custo mostrar serviço. 
Hoje, todo esse conhecimento e essa arte popular corre o risco de se perder, pondo em causa a identidade cultural de toda uma região.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

sexta-feira, 1 de maio de 2015

quinta-feira, 23 de abril de 2015

DESERTIFICAÇÃO





Em cada dia que passa, o interior de Portugal vai ficando entregue às espécies daninhas, animais e vegetais, sem que os sucessivos governos tentem inverter a situação. O trabalho de sucessivas gerações, desbravando a terra crua e transformando a paisagem, vai sucumbindo de forma irreversível, obedecendo a toda uma conjuntura de abandono cimentado no isolamento. Alguns lugares estão desertos e noutros só lá vegetam penosamente os mais velhos, cujo fim estará próximo. Mais tarde, depois de tudo isso acontecer a questão só poderá dizer respeito aos arqueólogos e historiadores.

domingo, 19 de abril de 2015

PESCARIA OCEÂNICA


Em pleno oceano, perante condições adversas, a nossa fragilidade e impotência são indisfarçáveis. Só depois de avistarmos terra firme recuperamos alguma tranquilidade de espírito.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

PRAIA FLUVIAL DE PESSEGUEIRO


Um lugar sossegado. Uma ribeira de águas cristalinas, habitada por salmonídeos. Área envolvente bem cuidada.
Quem sabe? Talvez uma sugestão para um dia longe do bulício citadino!

sexta-feira, 13 de março de 2015

MOINHOS DE VENTO


Gavinhos - Penacova.
Retábulos de pedra e cal que se vão desvanecendo na bruma do tempo.

quarta-feira, 4 de março de 2015

REENCONTRO COM VELHOS AMIGOS



Naquele dia, Carlos Serra chegou ao cantinho da aldeia de origem um pouco depois do nascer do sol e logo que se ataviou optou por um passeio de manutenção aplicada. Uma caminhada pelo monte, em passo rasgado, que não passava de uma forma simples de exercitar o físico e a mente, saboreando o convívio com a natureza agreste. Sempre que a vida lho permitia, fazia uma pausa nos seus afazeres quotidianos e repetia a viagem ao reencontro de velhos amigos: campos, riachos e serranias escarpadas. Os seus níveis de colesterol estavam um pouco descontrolados e havia que tomar alguns cuidados para contrariar o sedentarismo que levava na cidade.
Em cada dia que passa, a desertificação vai contribuindo, de forma irreversível, para alterar a paisagem serrana. Assim, sob um cenário em que muitos terrenos de semeadura se encontravam ocupados por vegetação selvagem, enveredou por um trilho de cabras agora utilizado, quase em exclusivo, por raposas, veados e javalis. Às primeiras passadas apercebeu-se de que não iria ser fácil desbravar o caminho repleto de arbustos daninhos que lhe surgiam pela frente, mas continuou mais determinado do que nunca, pronto a percorrer os  cerca de cinco quilómetros do percurso a que se propusera. 
Enquanto se deslocava ao longo de um velho riacho, ladeado por courelas que outrora foram o sustento de muitas gerações, usufruiu da companhia de um milhafre que, pairava no ar, a baixa altitude, descrevendo círculos suaves de observação. Buscava na distração de um qualquer exemplar das espécies cinegéticas menores a sua refeição. Contudo, à medida que o tempo vai passando, será cada dia mais difícil encontrar presas para a sua dieta. O abandono das terras de semeadura vai contribuindo para o desaparecimento das espécies de que aqueles predadores se alimentam.
Os velhos amigos de Carlos Serra eram toda àquela natureza verdejante, salpicada, aqui e acolá, por pequenos povoados, onde o sossego, ar puro e águas cristalinas, ainda iam resistindo à poluição e à agitação dos tempos modernos. Era naquela paisagem arrebatadora, carregada de misticismo, com marcas de muitos séculos de história, que experimentava um sentimento de liberdade inigualável, contrastando com a constante inquietude própria do bulício da cidade. Todo aquele espaço ondulado acessível ao olhar, que se estendia por montes e vales, lhe era familiar. Por onde quer que andasse não parava de esbarrar em recordações de infância recheadas de peripécias. Memórias do tempo de criança onde fora crescendo em liberdade e a par de vivências felizes, também, enfrentara adversidades que viriam a constituir uma sã aprendizagem para a vida.
Foi naquele cenário que aprendeu a valorizar as coisas simples da vida e a pacatez do ambiente rural sustentado no trabalho, na moralidade e no respeito em sociedade. Entre outras coisas, construiu os seus próprios brinquedos apoiado na imaginação e livre criatividade. Aprendeu a trabalhar a terra bem como o tempo e métodos de semeadura das diversas espécies agrícolas. Também aprendeu a distinguir as constelações que cintilavam no firmamento, visíveis, em noites de breu. Na água fria das ribeiras, onde o piedoso lamento dos moinhos de moer o pão se misturava com o eterno sussurro da corrente, aprendeu a nadar e a pescar as várias espécies piscícolas que por ali habitavam. Foi naquele lugar que aprendeu a distinguir as diversas espécies cinegéticas que não paravam de danificar as culturas cerealíferas. Foi também ali que frequentou a escola pela primeira vez.
Embora, tudo isso, já fizesse parte de um passado distante, no seu espírito, essas memórias, continuavam tão presentes como se o tempo, entretanto, não tivesse passado. Agora, visitava as serranias sempre que podia, como que atraído por uma força superior que na realidade não passava de um rasgo de saudade daqueles tempos idos.



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ESCULTURA NATURAL


 
É UMA ESCULTURA NATURAL,
COM UM DESIGN INVULGAR,
MAS O CENÁRIO É BEM REAL,
É A NATUREZA A GELAR.