sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

ABRIL OUTONAL

Tanta festa, tanta alegria,
Naquele abril libertador,
Depois de tanta euforia,
E de gente sem pudor,
Veio a surpresa, a agonia,
A fome, a miséria e a dor.
              
Agora, do topo da minha colina:
Onde, desesperado, me refugiei,
Fugindo à crueldade citadina,
E a tantas agruras que nem sei,
Vejo a minha pátria em ruína;
Escuto agrestes, os ventos,
Que em rabugenta surdina,
Anunciam os tormentos,
De uma terra que declina;
Oiço um povo acabrunhado,
Que sofre e abomina,
Ser pobre e mal tratado,
Mas vai carregando a sina,
Num murmúrio mal-amado,
Ainda assim não desatina,
Pois sofrer é o seu triste fado.

Aristides B. Victor

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