sexta-feira, 14 de março de 2014

SONHO JUGULADO


Falésias que são um promontório,
Ponta de um continente em agonia.
Espelho de um europeísmo ilusório,
Vela moribunda, que já não alumia.

Com impudência chamaram-lhe União,
Ignorando a sua falta de homogeneidade.
E agora que têm pela frente o Rubicão,
Procuram alijar a sua responsabilidade.

Essas mentes que se julgam brilhantes,
Apontam regras que se dizem necessárias.
Entre elas a de se tornarem assaltantes,
Decididos a pilhar até as contas bancárias.

E que não existam quaisquer ilusões:
Eles introduzir-se-ão no nosso lar,
Para nos levar os derradeiros tostões,
E tudo o que estivar à mão de semear.

São homens que mostram pouca valia,
Sempre numa atitude altaneira e patética.
Apajeados por uma medonha burocracia,
Que vê gorduras numa União esquelética.

Parece um estranho mundo de idiotas,
Cujas decisões só servem para inquietar,
Facilitando a vida de abutres e agiotas,
Que com avidez tudo procuram sugar.

Talvez fosse melhor para este vetusto país,
Desligar-se desta situação que é decadente,
Como se abandonasse uma velha meretriz,
Que, já sem atrativos se tornasse exigente.

André Sargaço

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