Quando percorríamos um antigo trilho serrano,
hoje transformado numa via de primeira qualidade a nível municipal, em
cavaqueira de fim de jornada, comungámos com um retábulo de rara beleza deixado
pelo Sol no momento em que se escondia lá para o ocidente. Nada que não nos
fosse familiar, mas, ainda assim, sempre retemperador.
No local onde circulávamos a natureza é agreste, (quase sempre ventoso, muitos precipícios, por vezes chuva e frequentemente nevoeiro), e nem
sempre favorece uma viagem descontraída e atenta à paisagem arrebatadora que
nos envolve. Uma panorâmica a perder de vista que lavra o deslumbramento libertando
os fungos da alma, que na realidade gera sentimento de liberdade inquestionável
em parceria com os Deuses do Olimpo.
É certo que os geradores eólicos alteraram a
paisagem, mas também melhoraram as acessibilidades. Pena é que tenham chegado
tarde demais, atendendo a que a desertificação assume, hoje, proporções quase
irreversíveis. Noutros tempos, em meados do século XX, quando a Serra
fervilhava de gente, teria sido uma verdadeira revolução para uma região que
vivia esquecida e mergulhada no isolamento.
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